O que é a Colelitíase, pedras na vesícula biliar?

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A vesícula biliar é um órgão de 7-10 cm que fica sob o fígado. A bile, que é produzida pelo fígado, escoa pelos canais biliares até ela, que irá concentrar e armazenar a bile. Após as refeições, a presença do conteúdo alimentar no intestino ocasiona a liberação de hormônios que induzem a contração da vesícula, expulsando a bile pelo colédoco até o duodeno, logo após o estômago, onde ela deságua junto com o canal do pâncreas. A bile emulsiona as gorduras, facilitando assim sua absorção.

Fatores de Risco

São fatores de risco para a sua formação o gênero feminino, idade (risco aumenta com a idade), história familiar, gestações, uso de estrogênio, obesidade, perda de peso acelerada, diabete melito, dentre outros.

Frequência

A ocorrência de pedras é comum, ocorrendo em aproximadamente 10% da população brasileira. A composição pode ser de colesterol (80%) ou bilirrubinato de cálcio (20%), variando enormemente em número e tamanho e não apresenta relação com a presença de sintomas. Felizmente, nem todos os acometidos precisarão operar.

Sintomas

A principal indicação de tratamento são os sintomas. A dor típica é um aperto ou pressão intenso, contínuo, acima do umbigo (na “boca do estômago”) ou sob as costelas à direita, podendo irradiar para as costas ou ponta da escápula à direita também. Pode durar entre 30-90 minutos, desencadeada por refeições pesada ou ocorrendo de noite/madrugada. Náuseas, vômitos e mal-estar podem acompanhar. À medida que a vesícula relaxa, a dor passa. Uma vez que o paciente passa por uma crise de dor, a tendência é haver novas crises nas mesmas circunstâncias. A presença de outros sintomas como arrotos, estufamento, regurgitação, distensão/inchaço abdominal ou queimação pode não estar relacionada aos cálculos, e não resolver com o tratamento.

Se uma pedra obstruir totalmente o canal da vesícula (ducto cístico), se desenvolve uma colecistite aguda, ou seja, um quadro inflamatório. Nesta situação a dor não melhora com o tempo e pode ocorrer febre, prostração, perda de apetite. Ao procurar atendimento de urgência, além da história clínica, alguns achados no exame físico, nos exames de laboratório e exame de imagem fecham o diagnóstico, sendo necessária internação, uso de antibióticos e cirurgia em breve.

Quando uma pedra avança pelo ducto cístico, chegando no canal principal da bile (o hepato-colédoco), outras complicações como icterícia (“amarelão”) e pancreatite aguda podem ocorrer. As pedras na vesícula são responsáveis por cerca de 70 % dos casos de pancreatite aguda, embora uma minoria das pessoas com pedras na vesícula terá esta complicação.

Qual exame realizar?

O melhor exame diagnóstico é a ecografia (ultrassonografia), mas as pedras também podem ser detectadas em outros exames.

Na ausência de sintomas ou de outra complicação, o tratamento não é obrigatório, sendo possível manter vigilância. De 70 a 90 % dos pacientes nunca terão sintomas e, geralmente, o primeiro sintoma é uma crise típica, sendo muito raro a ocorrência de complicações em alguém que não teve crise anteriormente.

Tratamento Cirúrgico

O tratamento é a remoção da vesícula por cirurgia minimamente invasiva – a videolaparoscopia. São quatro incisões de 5 a 10 mm para introdução de uma câmera e pinças de trabalho, para a execução do procedimento similar à técnica aberta: o canal da vesícula (ducto cístico) é seccionado entre clipes de titânio, bem como a artéria da vesícula. O órgão é descolado do fígado com auxílio do bisturi elétrico, prevenindo sangramentos. A vesícula é esvaziada e removida por uma das incisões. A cirurgia é realizada sob anestesia geral. Esta técnica, desenvolvida na década de 80, gera menor dor pós-operatória, internação mais curta (atualmente, o paciente recebe a alta hospitalar da sala de recuperação entre quatro a oito horas após o procedimento), benefício estético e retorno mais rápido às atividades.

Esta é uma das cirurgias mais frequentes da especialidade, com um índice muito baixo de complicações. Porém, como todo procedimento, elas podem ocorrer. As mais comuns são hematoma ou equimose nas incisões. Mais raramente ocorre infecção ou abscesso, principalmente quando a vesícula está inflamada. Apesar de muito raras, as complicações mais temidas são lesão no canal da bile (via biliar principal) e lesão no intestino (um risco presente no momento de introduzir a cânula metálica da câmera e insuflar o abdome com gás). A técnica operatória meticulosa diminui esses riscos.

Como uma vesícula cheia de pedras já não cumpre adequadamente sua função, sua retirada não acarreta problemas. Raramente ocorrem sintomas como fezes amolecidas ou diarreia, flatulência (gases) e desconforto abdominal, e na maioria dos casos são leves e melhoram com o passar dos meses.

Apesar de estar descrito na literatura médica o tratamento das pedras com ácido ursodeoxicólico, um medicamento que pode dissolver o colesterol dos cálculos, este tratamento não costuma ser utilizado, pois a indicação é restrita a pedras de colesterol, menores de um centímetro e pacientes com sintomas leves.

Além disso, tem de ser utilizado por mais de um ano, falha em pelo menos metade dos casos, e mesmo que as pedras sejam dissolvidas, podem ressurgir após a cessação da medicação. Nesse contexto, se há sintomas, a cirurgia é mais resolutiva.

Como funciona cirurgia para tratar a Hérnia Inguinal ou Femoral

Neste texto você saberá tudo o que ocorre com a cirurgia para tratar a hérnia Inguinal ou femoral, um defeito ou fraqueza nos tecidos que dão sustentação à parede abdominal e fazem a contenção dos órgãos internos.

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Índice de Tópicos

  1. Introdução
  2. Locais afetados
  3. Acontece mais em homens ou mulheres?
  4. Quais são os sintomas
  5. Como se dá o diagnóstico
  6. O Tratamento definitivo
  7. Como ocorre nas mulheres
  8. O chamado encarceramento
  9. E no estrangulamento
  10. Sobre a herniorrafia
  11. Recuperação

Uma hérnia abdominal é um defeito ou fraqueza nos tecidos que dão sustentação à parede abdominal e fazem a contenção dos órgãos internos (gordura, intestino ou bexiga, por exemplo), permitindo a protusão ou projeção destes pelo orifício.

Locais afetados

Na região inguinal ou virilha, existem dois locais adjacentes que são afetados, sendo um entre o ligamento inguinal e o osso (ílio e púbis), conhecida como hérnia femoral ou crural, e o outro logo acima deste ligamento, conhecida como hérnia inguinal.

Acontece mais em homens ou mulheres?

A hérnia inguinal é mais frequente em homens, pode ter origem congênita ou adquirida, seu risco aumenta com a idade, em dois terços dos casos ocorre à direita. Já a hérnia femoral representa 4% dos casos, sendo mais comum em mulheres e tem a característica de encarcerar ou estrangular mais comumente.

Sintomas

É possível não haver sintomas nenhum, ou haver desconforto, sensação de peso ou de “repuxar” no local, dor surda ao realizar esforço e a percepção do abaulamento causado pelo conteúdo que se insinua pelo orifício herniário.

Diagnóstico

O exame físico, somado à história clínica, faz o diagnóstico. Examina-se o paciente em pé e deitado, em repouso e fazendo força (como tossir ou soprar). Eventualmente pode ser necessária complementação com ecografia ou tomografia computadorizada. Diferenciar hérnia inguinal e femoral pode ser difícil. Outras causas de dor nesta região são doenças dos testículos, doenças musculares ou articulares, linfonodos aumentados, dentre outras.

Admite-se observação em homens sem sintomas ou sintomas mínimos e mulheres durante a gestação, em hérnias não complicadas. Nos demais casos, deve ser considerada o reparo operatório. Durante o acompanhamento é recomendado cessar o tabagismo, a perda de peso (se há obesidade) e o controle de comorbidades como diabete melito.

Não há evidência de que a atividade física causa piora da hérnia ou complicação como o encarceramento. Porém, se ao longo do tempo ocorrer mudança ou piora nos sintomas ou encarceramento, deverá procurar um cirurgião, o que pode acontecer em até 70 % dos casos em 10 anos, mas sem prejuízo em retardar a cirurgia. A conduta se baseia em uma taxa de complicação nos pacientes em observação muito baixa – 1,8 cirurgias de emergência para cada 1000 paciente/ano.

Tratamento

O tratamento definitivo da hérnia é a correção cirúrgica, e costuma ser bem tolerado mesmo em pacientes idosos ou com comorbidades. Envolve a colocação de tela de polipropileno (um polímero) em posição anterior ou posterior aos músculos da região, podendo ser feito por técnica aberta ou minimamente invasiva.

A cirurgia por vídeo tem vantagens como menos dor (tanto a dor aguda no pós-operatório precoce quanto dor crônica), recuperação mais rápida e taxa de recidiva similar, sendo indicada tanto para hérnias unilaterais quanto bilaterais, em que o benefício é maior, visto que são utilizadas as mesmas três mini incisões para operar ambos os lados.

Em pacientes com hérnia volumosas, que descem até a região escrotal, com cirurgia prévia extensa na pelve, com preferência de anestesia raquidiana/peridural (ou mesmo anestesia local com sedação) sobre a anestesia geral (por exemplo, se há enfisema pulmonar grave) ou mesmo devido ao custo, pode ser interessante optar pela técnica aberta. Em qualquer uma das técnicas o paciente recebe a alta hospitalar da sala de recuperação entre quatro e oito horas após o procedimento.

Como se dá nas mulheres

Em mulheres com hérnia, é mais comum a ocorrência de hérnia femoral, que tem um risco maior de complicações, portanto deve-se realizar a correção cirúrgica, a não ser que haja contraindicação. Nem sempre o diagnóstico pré-operatório é claro, ao exame físico ou ultrassonografia, principalmente em pessoas obesas. Ao diagnóstico de hérnia femoral, tanto em homens quanto mulheres, a correção cirúrgica está indicada. A literatura favorece a cirurgia por vídeo nestes casos, pois o acesso posterior pode identificar uma hérnia femoral concomitante e insuspeita além da hérnia inguinal, e permite avaliar e explorar o lado oposto em caso de dúvida diagnóstica.

Encarceramento

Se o conteúdo abdominal que se insinuou pelo orifício herniário trancar, é o chamado encarceramento, e exige atenção médica imediata. Deve ser avaliada a possibilidade de operar na urgência, tratando a hérnia e prevenindo que o haja estrangulamento – à medida que o órgão encarcerado incha, pode prejudicar o suprimento sanguíneo e evoluir para necrose. Pode ser realizada a redução da hérnia, manualmente, por um cirurgião, propiciando um melhor preparo para o tratamento cirúrgico, visto que o risco de novo encarceramento é muito alto.

Estrangulamento

No estrangulamento a gordura ou intestino encarcerados sofrem isquemia, podendo até mesmo evoluir para perfuração e infecção grave, sendo imperativa a estabilização clínica (uso de solução fisiológica, antibióticos, sonda nasogástrica se necessário) seguida por cirurgia, que mais frequentemente será pela técnica aberta. Conforme o grau de sofrimento do intestino e infecção associada, pode não ser recomendado o uso de tela nesta situação.

Herniorrafia

A herniorrafia é um procedimento muito comum, com baixo índice de complicações. Ainda assim, como em qualquer cirurgia, estas podem ocorrer. Variam desde acúmulo de líquido (seroma), hematoma ou equimoses, retenção urinária transitória, todas com resolução simples.

Complicações graves são raras e incluem o retorno da hérnia, dor crônica, lesões do ducto deferente (canal que leva os espermatozoides do testículo à uretra), infecção da tela e complicações do acesso ao abdome na cirurgia por vídeo.

O risco de a hérnia voltar é mais alto na presença de obesidade, tabagismo, tosse crônica, constipação, diabete melito, idade avançada, uso de corticóides ou quimioterapia).

A recuperação

Conforme a recuperação do paciente, exercícios podem ser retomados a partir de duas semanas.

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