Como funciona cirurgia para tratar a Hérnia Inguinal ou Femoral

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Dr. Marcelo Souto

Neste texto você saberá tudo o que ocorre com a cirurgia para tratar a hérnia Inguinal ou femoral, um defeito ou fraqueza nos tecidos que dão sustentação à parede abdominal e fazem a contenção dos órgãos internos.

Tempo de leitura: 6 minutos

Índice de Tópicos

  1. Introdução
  2. Locais afetados
  3. Acontece mais em homens ou mulheres?
  4. Quais são os sintomas
  5. Como se dá o diagnóstico
  6. O Tratamento definitivo
  7. Como ocorre nas mulheres
  8. O chamado encarceramento
  9. E no estrangulamento
  10. Sobre a herniorrafia
  11. Recuperação

Uma hérnia abdominal é um defeito ou fraqueza nos tecidos que dão sustentação à parede abdominal e fazem a contenção dos órgãos internos (gordura, intestino ou bexiga, por exemplo), permitindo a protusão ou projeção destes pelo orifício.

Locais afetados

Na região inguinal ou virilha, existem dois locais adjacentes que são afetados, sendo um entre o ligamento inguinal e o osso (ílio e púbis), conhecida como hérnia femoral ou crural, e o outro logo acima deste ligamento, conhecida como hérnia inguinal.

Acontece mais em homens ou mulheres?

A hérnia inguinal é mais frequente em homens, pode ter origem congênita ou adquirida, seu risco aumenta com a idade, em dois terços dos casos ocorre à direita. Já a hérnia femoral representa 4% dos casos, sendo mais comum em mulheres e tem a característica de encarcerar ou estrangular mais comumente.

Sintomas

É possível não haver sintomas nenhum, ou haver desconforto, sensação de peso ou de “repuxar” no local, dor surda ao realizar esforço e a percepção do abaulamento causado pelo conteúdo que se insinua pelo orifício herniário.

Diagnóstico

O exame físico, somado à história clínica, faz o diagnóstico. Examina-se o paciente em pé e deitado, em repouso e fazendo força (como tossir ou soprar). Eventualmente pode ser necessária complementação com ecografia ou tomografia computadorizada. Diferenciar hérnia inguinal e femoral pode ser difícil. Outras causas de dor nesta região são doenças dos testículos, doenças musculares ou articulares, linfonodos aumentados, dentre outras.

Admite-se observação em homens sem sintomas ou sintomas mínimos e mulheres durante a gestação, em hérnias não complicadas. Nos demais casos, deve ser considerada o reparo operatório. Durante o acompanhamento é recomendado cessar o tabagismo, a perda de peso (se há obesidade) e o controle de comorbidades como diabete melito.

Não há evidência de que a atividade física causa piora da hérnia ou complicação como o encarceramento. Porém, se ao longo do tempo ocorrer mudança ou piora nos sintomas ou encarceramento, deverá procurar um cirurgião, o que pode acontecer em até 70 % dos casos em 10 anos, mas sem prejuízo em retardar a cirurgia. A conduta se baseia em uma taxa de complicação nos pacientes em observação muito baixa – 1,8 cirurgias de emergência para cada 1000 paciente/ano.

Tratamento

O tratamento definitivo da hérnia é a correção cirúrgica, e costuma ser bem tolerado mesmo em pacientes idosos ou com comorbidades. Envolve a colocação de tela de polipropileno (um polímero) em posição anterior ou posterior aos músculos da região, podendo ser feito por técnica aberta ou minimamente invasiva.

A cirurgia por vídeo tem vantagens como menos dor (tanto a dor aguda no pós-operatório precoce quanto dor crônica), recuperação mais rápida e taxa de recidiva similar, sendo indicada tanto para hérnias unilaterais quanto bilaterais, em que o benefício é maior, visto que são utilizadas as mesmas três mini incisões para operar ambos os lados.

Em pacientes com hérnia volumosas, que descem até a região escrotal, com cirurgia prévia extensa na pelve, com preferência de anestesia raquidiana/peridural (ou mesmo anestesia local com sedação) sobre a anestesia geral (por exemplo, se há enfisema pulmonar grave) ou mesmo devido ao custo, pode ser interessante optar pela técnica aberta. Em qualquer uma das técnicas o paciente recebe a alta hospitalar da sala de recuperação entre quatro e oito horas após o procedimento.

Como se dá nas mulheres

Em mulheres com hérnia, é mais comum a ocorrência de hérnia femoral, que tem um risco maior de complicações, portanto deve-se realizar a correção cirúrgica, a não ser que haja contraindicação. Nem sempre o diagnóstico pré-operatório é claro, ao exame físico ou ultrassonografia, principalmente em pessoas obesas. Ao diagnóstico de hérnia femoral, tanto em homens quanto mulheres, a correção cirúrgica está indicada. A literatura favorece a cirurgia por vídeo nestes casos, pois o acesso posterior pode identificar uma hérnia femoral concomitante e insuspeita além da hérnia inguinal, e permite avaliar e explorar o lado oposto em caso de dúvida diagnóstica.

Encarceramento

Se o conteúdo abdominal que se insinuou pelo orifício herniário trancar, é o chamado encarceramento, e exige atenção médica imediata. Deve ser avaliada a possibilidade de operar na urgência, tratando a hérnia e prevenindo que o haja estrangulamento – à medida que o órgão encarcerado incha, pode prejudicar o suprimento sanguíneo e evoluir para necrose. Pode ser realizada a redução da hérnia, manualmente, por um cirurgião, propiciando um melhor preparo para o tratamento cirúrgico, visto que o risco de novo encarceramento é muito alto.

Estrangulamento

No estrangulamento a gordura ou intestino encarcerados sofrem isquemia, podendo até mesmo evoluir para perfuração e infecção grave, sendo imperativa a estabilização clínica (uso de solução fisiológica, antibióticos, sonda nasogástrica se necessário) seguida por cirurgia, que mais frequentemente será pela técnica aberta. Conforme o grau de sofrimento do intestino e infecção associada, pode não ser recomendado o uso de tela nesta situação.

Herniorrafia

A herniorrafia é um procedimento muito comum, com baixo índice de complicações. Ainda assim, como em qualquer cirurgia, estas podem ocorrer. Variam desde acúmulo de líquido (seroma), hematoma ou equimoses, retenção urinária transitória, todas com resolução simples.

Complicações graves são raras e incluem o retorno da hérnia, dor crônica, lesões do ducto deferente (canal que leva os espermatozoides do testículo à uretra), infecção da tela e complicações do acesso ao abdome na cirurgia por vídeo.

O risco de a hérnia voltar é mais alto na presença de obesidade, tabagismo, tosse crônica, constipação, diabete melito, idade avançada, uso de corticóides ou quimioterapia).

A recuperação

Conforme a recuperação do paciente, exercícios podem ser retomados a partir de duas semanas.

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